Uma resposta em sociedade para uma necessidade da sociedade
Decorreram dez anos desde que a ADAV – Aveiro foi fundada, como resposta a uma necessidade sentida como urgente. Dois anos tinham decorrido desde a realização do primeiro referendo sobre o aborto e muitos firmavam a sua argumentação a favor da liberalização desta prática na convicção de que a sociedade não tinha respostas para as mulheres grávidas que, por qualquer motivo, se encontravam em situação de risco.
Face à premência de tal desafio, muitos foram os que uniram os seus esforços no sentido de organizar uma resposta estruturada para tal necessidade.
Então, como hoje, a ADAV afigurou-se como uma proposta de apoio e auxílio precoce ou imediato para a mulher que, estando grávida, se encontrava num qualquer quadro de necessidade que pudesse constituir-se como risco para si e para o seu filho.
Então, como hoje, a ADAV definiu-se pela defesa de um todo solidário em que nenhum dos intervenientes ganharia em prejuízo do outro. Sempre que a ADAV necessitou de afirmar os alicerces sobre os quais assenta, sublinhou estar do lado que salvaguarda mãe e filho sem prejuízo de nenhum. Do lado da mãe, protegendo-a de todas as agressões, inclusive dos que a pretendem forçar a desistir de ser mãe, por pressões ou ameaças, seja no contexto laboral, seja por parte de companheiros ou familiares. Do lado do filho, reafirmando a sua dignidade, preconizada na própria Constituição da República, garantindo condições de auxílio que permitissem aliviar as dificuldades financeiras ou de outra ordem que fossem factor para a emergência de qualquer sentimento de abandono.
Então, como hoje, a ADAV sublinhou que só uma sociedade que protege os mais frágeis, seja a mãe desamparada ou abandonada, seja o filho sem voz nem rosto, pode aspirar a um futuro promissor. Só com políticas de protecção à maternidade e paternidade co-responsáveis pode, efectivamente, combater-se a inversão da pirâmide etária que tem feito perigar os sistemas de segurança social e, com eles, o futuro do Estado Social.
Então, como hoje, a ADAV preconizou ser necessário apostar numa educação sexual que não se baste em comunicar informações, disponíveis, aliás, sem a formalidade do sistema educativo, mas que proponha quadros de valores éticos que humanizem a sexualidade e a tornem factor de construção de relações humanas personalizantes.
Então, como hoje, a ADAV sustentou que a neutralidade ética do Estado não constrói uma sociedade solidária, mas solitária. Só um Estado capaz de proteger, com as leis, os valores mais importantes será capaz de manter-se coeso e socialmente estruturado.
É em torno de tais valores que, ao longo de uma década, na discrição do acolhimento atento, a ADAV tem procurado levar a resposta às silenciosas necessidades de mães e respectivas famílias. Um auxílio que os números confirmam corresponder a uma necessidade crescente, atendendo à duplicação do número de situações acompanhadas nos últimos três anos.
Luís Manuel Silva
Presidente da direcção da ADAV
22 de janeiro de 2011