Esta pergunta parece não fazer sentido mas é perfeitamente actual. Senão vejamos:
– a vida é o que temos de mais precioso, sem ela não existimos, por isso é natural que se defenda a vida. Contudo, são mais os ataques à vida que as tentativas de a defender;
– a facilidade com que nos dias de hoje se destrói a vida, tantas vezes por razões fúteis, dá a ideia de que ela não tem valor, e que tudo o resto se lhe pode sobrepor. No entanto, quando perdemos um ente querido ou algum amigo, choramos a sua perda, lamentamos que não tenhamos passado mais tempo com ele ou ela, elogiamos as suas qualidades, menorizamos os seus defeitos, ou seja, valorizamos a sua existência, a sua VIDA. Então porquê destruí-la?
O início da vida é um momento abençoado, resultado da união de dois entes que se amam e que procuram nessa união a realização do seu sonho de amor. Então porquê destruí-la, ainda indefesa?
Invocam muitos o direito da mulher a dispor do seu corpo como forma de emancipação. Fraco direito esse quando envolve a destruição da vida que ela própria gerou dentro de si! E porquê negar ao pai da criança o direito de a receber, de a acarinhar, de a educar? Porquê negar ao ser que desponta o direito à vida, a crescer, a multiplicar-se, a ser um cidadão activo na sociedade, a dar o seu contributo para o desenvolvimento da Humanidade? Certamente porque quem o nega dá muito pouco valor à vida…
Reconhecemos as dificuldades que algumas famílias teem para poder manter uma filha grávida ou até para assegurar o sustento do bebé nascido, por vezes até em circunstâncias menos convenientes. Aí tem que ser a Sociedade a dar uma resposta, seja pelas autoridades oficiais, seja pela actuação de organizações assistenciais, de carácter privado, ou até mesmo do empenhamento de particulares sensíveis ao sofrimento dessas famílias.
Num momento em que tanto se fala da diminuição da natalidade e das suas consequências sociais futuras, seria bom ver adoptadas medidas de protecção à maternidade responsável, por exemplo, possibilitando às mulheres empregadas a existência de creches nas empresas ou outras facilidades que conjugassem a necessidade de emprego com a protecção da criança. Tais empresas podiam ser compensadas nos seus custos por benefícios fiscais, ajudando-as assim a cumprir assim a sua função social, que não se esgota na criação de emprego e riqueza.
Desde a sua criação que a ADAV procura ajudar jovens grávidas e mulheres em risco, defendendo o direito à vida, promovendo a integração da mulher na sociedade. São escassos os recursos, é forte a disponibilidade daqueles que, voluntariamente, procuram responder ao desafio de defender a vida. Mas é uma luta sem fim… que continuaremos a travar, ajudando á dignificação da grávida, à sua inserção na sociedade, conscientes de que o nosso papel tem manter-se mais actuante e responsável.
Engenheiro Borges (sócio fundador da ADAV AVEIRO), in Diário de Aveiro de 26 de fevereiro de 2011
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