EQUÍVOCOS
É aflitivo perceber a quantidade de mulheres que acreditam que ter um filho pode salvar um casamento (ou relação aparentada).
A crença de que uma criança pode reparar o que se estragou ou ajudar a construir o que nunca existiu é um dos equívocos mais trágicos em que pode navegar uma família (ou candidata a).
A chegada de um bebé é um acontecimento mágico.
Mas o encanto pode soçobrar rapidamente no meio de uma imensidão de tarefas, do enorme cansaço, da permanente ansiedade, da adaptação que todos têm de fazer, do difícil entendimento de que a vida passou a girar em volta daquele pequeno ser.
As mulheres têm de mergulhar profundamente no papel de mães, acabam quase por se esquecer de si, e ainda mais dos que as rodeiam, e exigem dos companheiros pais do filho recém-chegado uma compreensão e um apoio absolutos – que nem todos estão preparados para dar.
A tremenda exigência que representa o nascimento de um filho pode minar até relações com boas bases de sustentação, quanto mais relações que andam à procura de “cimento”.
E as consequências destes “salvamentos” – que raramente o são – ficam para o resto da vida.
Do casal (mesmo que não se mantenha como tal) e da criança.
SOFIA BARROCAS
in Notícias Magazine 31 julho 2011